quarta-feira, 23 de março de 2011

Circuitos de Leitura


...e agora a parte final do conto "Beatriz e o Plátano".
Na manhã seguinte os homens tornaram com os machados. Ao verem Beatriz a dormir debaixo da árvore ficaram ainda mais espantados do que no dia anterior. Correram para a repartição e relataram às autoridades o invulgar procedimento daquela menina.
De novo os senhores bem postos, de ares importantes, correram para lá onde, tal como no dia anterior, já se juntara um magote de gente. Beatriz acordara entretanto e estava a esfregar os olhos. Um espectáculo nunca visto, não há dúvida. Os senhores coçaram a cabeça e um deles exclamou:
- Espantoso!
Mal tinha fechado a boca e toda aquela gente em redor repetiu:
- Espantoso! Espantoso!
As autoridades tornaram a coçar a cabeça. Falaram entre si, em voz baixa, e deram ordens aos homens com os machados para esperarem um pouco. Voltaram à repartição onde se sentaram em volta de uma mesa para deliberarem. Deliberaram até à hora do almoço. Foram almoçar. Voltaram a sentar-se em volta da mesa e, por fim, tomaram uma decisão de importância: se aquela menina teimosa ainda lá estivesse no mesmo sítio, a árvore ficaria em pé, se ela tivesse desistido, a árvore deitar-se-ia abaixo.
Pois Beatriz ainda lá estava no mesmo sítio e com o mesmo ar decidido de defender o velho amigo, o plátano.
As autoridades, uma vez que assim tinham resolvido, disseram:
- O plátano fica em pé!
A alegria de Beatriz e das pessoas em volta foi grande. E com certeza a do plátano também!
Foi assim que se salvou um monumento, sim, porque uma árvore velha, mas cheia de seiva e de vida, é um monumento tal como uma estátua. E tomáramos nós haver tantas estátuas bonitas como há árvores bonitas. Seria um regalo para qualquer cidade do Mundo.
«Bem haja a Beatriz!», diziam os moradores da Rua do Plátano muitos anos depois daquele acontecimento extraordinário.
Fim

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