“Gostava
de ter um poeta. Podemos comprar um?”
É esta a questão com que
praticamente começa o novo livro de Afonso
Cruz, a que o pai da criança responde prontamente: “De
que tamanho?” Ainda se pensou num artista, mas dizem que estes
fazem muita porcaria – que o diga a senhora 5638,2, que “despende
três a quatro horas por dia a limpar a sujidade que ele faz com as tintas
naqueles objetos brancos.”
Em “Vamos
comprar um poeta” (Caminho, 2016), os poetas são os novos animais de
estimação, que habitam num mundo onde a
poesia – ou qualquer visão metafórica do mundo – já era. Há, neste mundo, uma
vida que se mede em gramas, percentagens ou ângulos, e onde as conversas de
café ou à mesa de jantar não passam de assuntos como a conjuntura externa, o
aperto do cinto ou a consolidação orçamental.
Os alunos de 8º anos debruçaram-se sobre a obra e absorto na leitura e na resolução de um Brainstorming sobre conceitos matemáticos, chegaram à conclusão de que na sociedade refletida na obra, tudo é contabilizado, tudo tem de dar lucro. A Matemática está bem assente nessa mesma sociedade e na família da narradora, criança de mais ou menos 12 anos, mas depois da vinda de um poeta para o seio desta família, considerado como um "animal de estimação", a famíla é levada a aprender outros valores como a cultura, a beleza das palavras, o significado das metáforas, a poesia...
Obra muito recomendada pelos alunos de 8º anos.
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